ULS Lezíria esclarece que alterações no atendimento complementar em Coruche visam garantir “maior resposta clínica à população”
Escrito por Edgar Correia (TPE-587) em 7 de Maio, 2025

IMG: Nuno Bandeiras.
Através de um comunicado enviado às redações, a Unidade Local de Saúde da Lezíria (ULS Lezíria) veio eslcarecer a situação dos cuidados de saúde primários no concelho de Coruche, depois das notícias vindas a público sobre a redução de horário de funcionamento do Centro de Saúde, bem como sobre a diminuição do número de médicos ao serviço da comunicade.
A ULS da Lezíria começa por garantir que “possui um conhecimento profundo sobre a realidade da população de Coruche” e que está, por isso, “fortemente empenhada na resposta aos desafios em saúde deste território”.
A ULS adianta, no entanto, que a “atual situação não resulta de uma decisão recente ou isolada, mas de um problema estrutural, sinalizado há vários anos, decorrente também da recente generalização do modelo USF-B, implementada pelo anterior Governo, a partir de janeiro de 2024. Apesar dos objetivos certamente meritórios, este modelo não foi acompanhado de medidas de compensação para territórios menos atrativos, penalizando concelhos como Coruche, na captação e fixação de médicos, por força de outros concelhos oferecerem aos médicos condições profissionais que, até então, permitiam distinguir Coruche como destino atrativo. Se agora todas oferecem semelhantes níveis de autonomia, remuneração por desempenho e incentivos à melhoria de cuidados, a diferenciação que existia em Coruche, por ser USF-B esbateu-se”, explica a Unidade, presidida por Pedro Marques.
Para a ULS da Lezíria, a recente restruturação dos Cuidados de Saúde Primários em Unidades Locais de Saúde visa “uma maior articulação entre os diferentes níveis de cuidados e, também, com os demais agentes da sociedade civil, política e administrativa, entre os quais se contam os municípios, nossos parceiros e que indicam até um elemento para o conselho de administração da ULS, havendo o saudável hábito de se realizarem reuniões periódicas de partilha de problemas e discussão de soluções.”
Naquilo que pode ser subentendido como uma “farpa” atirada ao Executivo liderado por Francisco Oliveira, a Unidade afirma que “tem mantido total abertura ao diálogo com os autarcas, como tem acontecido em múltiplos contextos, desde que exista disponibilidade e vontade por parte dos mesmos. Só com articulação institucional e corresponsabilização real entre a ULS e o município será possível construir soluções sustentáveis que garantam cuidados de saúde acessíveis, de qualidade e adaptados à população de Coruche”, explica a ULS.
Para ilustrar que a fixação dos médicos é algo que pode acontecer, também, com a intervenção do poder local a ULS da Lezíria afirma que “alguns municípios do país (e também na área geográfica da ULS Lezíria) optaram por criar incentivos adicionais à fixação de profissionais de saúde, nomeadamente médicos, de modo a manterem competitividade e atratividade dos seus territórios.” Este é, no entanto, um cenário rejeitado pelo presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Oliveira, pois, tal como afirmou, recentemente, à MarinhaisFM a competência da saúde, nomeadamente dos Médicos, é uma competência do Poder Central porquanto ao município cabe a gestão de equipamentos e infraestruturas.
Segundo a ULS, as medidas “agora implementadas visam, em primeiro lugar, reforçar a capacidade assistencial no concelho de Coruche, com especial enfoque nos dias não úteis, através da presença de um médico adicional entre as 09h00 e as 14h00, garantindo assim maior resposta clínica à população.”
Prossegue a Unidade, explicando que “nos dias úteis, a principal alteração prende-se com o local de atendimento, dado que a USF aumentou significativamente a sua capacidade de resposta para situações de doença aguda. A par disso, será reforçada a capacidade assistencial através do apoio da telemedicina, dirigida aos utentes da Unidade de Saúde Familiar Vale Sorraia (USF Vale Sorraia), atualmente sem médico de família e também aos utentes esporádicos.”
Por último, no seu comunicado, a ULS Vale Sorraia explica que “houve um especial cuidado em preservar a funcionalidade do Serviço de Atendimento Complementar e, pelo menos, manter médicos no concelho, assegurando a continuidade da resposta assistencial, mesmo com recursos humanos escassos.”