Presidente da Associação Ahmadia do Islão em Portugal reafirma compromisso com a paz e o respeito pelas tradições locais em Samora Correia
Escrito por Edgar Correia (TPE-587) em 9 de Junho, 2025

IMG: Reprodução Facebook Fazhad Amhal.
A controvérsia em torno da construção de uma mesquita em Samora Correia parece não ter fim à vista. A Associação Ahmadia do Islão em Portugal mantém a intenção de avançar com o projeto num terreno adquirido na Avenida “O Século”, em frente ao quartel dos Bombeiros Voluntários. Em entrevista à Rádio Marinhais, o presidente da associação, Fazhal Ahmad, esclareceu os passos dados até ao momento e reagiu às manifestações e críticas surgidas por parte de alguns setores da comunidade local.
Segundo Fazhal Ahmad, a Associação Ahmadia, legalmente estabelecida em Portugal há quase 35 anos, iniciou contactos com a Câmara Municipal de Benavente ainda antes da pandemia de Covid-19, com o objetivo de identificar um local adequado para a construção de um complexo religioso. No terreno inicialmente pretendido não foi possível concretizar o negócio, levando a associação a procurar alternativas. Foi assim que surgiu a oportunidade de aquisição do atual terreno, através de uma agência imobiliária.
O dirigente confirmou que existiram conversas com a autarquia, embora, esta, na altura, tenha comunicado que não haveria, em Samora Correia ou no concelho, uma comunidade islâmica suficientemente representativa para justificar a construção da Mesquita. Ainda assim, sublinha que a associação tem procurado atuar com transparência e dentro da legalidade, sem pretensões de interferir em questões políticas locais. “Não queremos prejudicar qualquer partido – quer esteja no poder, quer na oposição”, afirma.
Relativamente aos protestos que têm surgido, tanto nas redes sociais como através da convocação de uma manifestação para o dia 10 de junho, Fazhal Ahmad lamenta o tom de muitos comentários: “Temos assistido, nas últimas semanas, a discursos de ódio, racismo e preconceito. Trata-se de um medo infundado.” O presidente da associação reforça que o futuro complexo religioso será um edifício sem impacto negativo na vida da população. “Será um edifício como qualquer outro. A vida continuará normal”, garante.
Fazhal sublinha que a escolha de Samora Correia se prende com a necessidade de um local para centralizar as atividades religiosas e sociais da comunidade Ahmadia em Portugal, que se rege por valores de paz, tolerância e liberdade de crença. Rejeita qualquer associação com outras comunidades islâmicas da zona do Martim Moniz, em Lisboa, respondendo assim a críticas e equívocos que têm circulado publicamente.
Quanto ao futuro do projeto, mostra-se firme, mas cauteloso: “Adquirimos o terreno legalmente e cumpriremos todos os regulamentos e normas do município e do Estado português.” Ainda assim, faz questão de expressar solidariedade com os residentes: “Se a manifestação for uma defesa legítima dos costumes e tradições locais, estaremos ombro a ombro com a população.” O que não pode aceitar é, segundo o próprio “o discurso de ódio, o racismo e a xenofobia.”
Escute, aqui, as declarações de Fazhal Ahmad, à Rádio Marinhais: