Número de crianças não acompanhadas que atravessam a rota migratória do Mediterrâneo Central para Itália aumenta 60 por cento

Escrito por em 2 de Outubro, 2023

Mais de 11.600 crianças atravessaram o Mar Mediterrâneo Central para Itália sem os seus pais ou tutores legais entre janeiro e meados de setembro de 2023. De acordo com a UNICEF, este facto “representa um aumento de 60 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado, quando cerca de 7.200 crianças realizaram a travessia sozinhas ou separadas das suas famílias.”

Lampedusa, uma pequena ilha no sul da Itália, é muitas vezes o primeiro porto de escala para as pessoas que procuram asilo, segurança e oportunidades na Europa. O número de chegadas atingiu o pico este mês, com 4.800 pessoas a chegar num único dia.

Esta agência das Nações Unidas dá conta de que as crianças que fazem estas viagens sozinhas são muitas vezes colocadas em barcos insufláveis sobrelotados ou em barcos de pesca de madeira de má qualidade, inadequados para condições meteorológicas adversas. Algumas são colocadas no porão de navios, outras em barcos de ferro – particularmente perigosos para a navegação. A falta de capacidades e cooperação regionais, coordenadas e adequadas de busca e salvamento no mar e de desembarque em locais seguros aumentam os perigos que as crianças enfrentam ao atravessar.

A guerra, o conflito, a violência e a pobreza estão entre as principais causas que levam as crianças a fugir dos seus países de origem sozinhas. Os dados mostram que as crianças não acompanhadas estão em risco de exploração e abuso em cada etapa das suas viagens, sendo as raparigas e as crianças da África subsaariana as mais propensas a sofrer abusos.

Entre junho e agosto deste ano, pelo menos 990 pessoas, incluindo crianças, morreram ou desapareceram ao tentarem atravessar o Mediterrâneo Central, o triplo do número em comparação com o mesmo período do verão passado, e pelo menos 334 pessoas perderam a vida. Muitos naufrágios não deixam sobreviventes e muitos não são registados, tornando o número de vítimas possivelmente muito mais elevado.

As crianças que sobrevivem às viagens são primeiro retidas em centros conhecidos como pontos de acesso antes de serem transferidas para instalações de acolhimento, que são muitas vezes fechadas e limitam a circulação. Mais de 21.700 crianças não acompanhadas em Itália estão atualmente nestas instalações, acima das 17.700 de há um ano.

“O Mar Mediterrâneo tornou-se um cemitério para as crianças e os seus futuros. O devastador custo para as crianças que procuram asilo e segurança na Europa é o resultado de escolhas políticas e de um sistema de migração falido”, refere Regina De Dominicis, Diretora Regional da UNICEF para a Europa e Ásia Central e Coordenadora Especial para a Resposta aos Refugiados e Migrantes na Europa. “A adoção de uma resposta à escala europeia para apoiar as crianças e as famílias que procuram asilo e segurança e um aumento sustentado da ajuda internacional para apoiar os países confrontados com múltiplas crises são desesperadamente necessários para evitar que mais crianças sofram”.

Em Lampedusa, a UNICEF presta serviços essenciais de proteção, incluindo apoio psicossocial e de saúde mental e acesso a informação e encaminhamento para serviços especializados. Este trabalho é apoiado pela Direção-Geral da Migração e dos Assuntos Internos (HOME) da Comissão Europeia, no âmbito do projeto PROTECT.


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