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Eletricidade dispara 90% em dois dias com tensão no Médio Oriente

Escrito por em 18 de Junho, 2025

IMG: Canva Pro (Ilustrativa).

O preço da eletricidade no mercado grossista ibérico disparou mais de 90% em apenas dois dias, refletindo o impacto do conflito entre Israel e o Irão nos mercados energéticos. A instabilidade geopolítica está a pressionar os preços do petróleo e do gás natural, matérias-primas que continuam a influenciar diretamente o custo da energia no mercado Mibel.

Segundo dados do OMIE, os preços médios diários para Portugal e Espanha ultrapassaram os 106 euros/MWh, com valores máximos a atingirem os 194 euros nas horas de ponta (21h-23h), e mínimos de 40 euros durante o pico solar (12h-17h). Só em Portugal, foram negociados 150 GWh, num volume económico superior a 13 milhões de euros.

“O gás tem estado a fechar o mercado ibérico, é natural que os preços disparem”, explicou António Sá da Costa, especialista em energia. O analista Manuel Pinto acrescentou que “o maior receio do mercado é o aumento do preço do petróleo que resultaria do bloqueio do Estreito de Ormuz por parte do Irão”, zona por onde circula 20% do petróleo global.

A tensão já teve reflexos no petróleo Brent, cuja cotação subiu mais de 7% na sexta-feira, a maior valorização desde a invasão russa da Ucrânia. Ainda assim, segundo Richard Bronze, da consultora Energy Aspects, a situação “é muito significativa e preocupante”, embora possa não ter o mesmo impacto prolongado que a guerra na Ucrânia.

A eletricidade mais cara ainda não se reflete de imediato nas faturas das famílias com contratos fixos, mas pode afetar futuramente os tarifários. Já os consumidores com tarifas indexadas sentirão os aumentos de forma mais imediata.

O calor também agrava a procura energética, mas Sá da Costa relativiza: “Com o calor, ligamos mais o ar condicionado, aumentamos o consumo, mas a subida é relativamente pequena face ao aumento do gás.”

As restrições à importação de eletricidade de Espanha, impostas por questões de segurança após um apagão, também contribuem para o agravamento do preço. “Se não vem eletricidade de Espanha mais barata e tem de vir de cá, mais cara, o preço sobe”, comentou Sá da Costa.

Em junho, a produção renovável lidera em Portugal, com destaque para a eólica (448 GWh) e solar (369 GWh). No entanto, a produção a partir de gás natural aumentou 300%, refletindo a maior necessidade de fontes térmicas num contexto de menor importação e maior procura.

Há um ano, o cenário era bem diferente. A 18 de junho de 2024, o preço médio rondava os 57 euros/MWh, metade do valor atual.


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